Essa imagem me chamou atenção em uma rede social, especialmente pela garra que representa. Esta mulher, que carrega um mundo no olhar, chama-se Evelyn Bastos, Rainha da Bateria da Estação Primeira de Mangueira, tradicional escola de samba do Rio de Janeiro, campeã deste 2019 com o enredo “HISTÓRIA PARA NINAR GENTE GRANDE”. Na contramão das escolas que convidam e convidaram artistas e celebridades para ocupar o posto, inclusive.
A apuração ainda não tinha acontecido no momento em que cheguei ao perfil dela na rede, mas a narrativa que acompanhava esta imagem, no meu entendimento, já tornava Evelyn uma campeã na vida. Conta, com determinação nas palavras, que o enredo atraiu tantas críticas que a mesma teria chegado a achar que era uma espécie de déficit de atenção de muitos, até entender que a verdade é que para muita gente é insuportável ver o preto ser exaltado, guerreiro e herói. O entendimento de uma mulher “presa na miséria da favela”, mas que ainda assim desce a ladeira cheia de amor para fazer muita gente sorrir, como a mesma narra.
“Que audácia é essa, Mangueira?! Quem vocês pensam que são para fazer isso?!”, sugere, em um relato que demonstra a mesma firmeza das mãos desta foto. “Nos nossos calcanhares carregamos dor misturado com sonhos! E hoje, além disso, estamos levando para a avenida a história do país negro, mulato e mestiço que nenhum livro vai poder apagar”, escreveu.
Vi um projeto social chamado SAC, de apoio aos moradores de rua do Centro do Rio de Janeiro, e ao Quadril de Mola, Workshop de Samba que roda o mundo. Não me surpreendi. As mulheres, quando descobrem a capacidade de renascer em vida, não olham para o que lhes falta, mas para o que são capazes de construir. E aí, não há obstáculo que consiga interromper sua trajetória!