Perdi as contas de quantas vezes já li “Comer, Rezar e Amar”, de Elizabeth Gilbert, aquela romancista e biógrafa norte-americana que decide sair de um casamento infeliz, da sua própria zona de conforto, e partir em busca de si mesma. Particularmente acho que ela tem uma visão fantástica sobre as coisas que acontecem ao seu redor e as pessoas que cruzam o seu caminho. Dentre tantas passagens interessantíssimas, há uma em que ela fala dos amores desesperados, aqueles em que A quer tanto encontrar B que vê características no alfabeto todo, deposita todas as suas expectativas e, claro, se decepciona.
Concordo, mas acho que o amor desesperado vai além. É pequeno, infeliz e dolorido. Uma doença da alma, que tem a capacidade de nos tirar, inclusive, o discernimento. E não precisa ser psicólogo ou investigador profissional para diagnosticar um desesperado amoroso. Em tempos de relações rasas, é grande o número de pessoas que se atiram ao primeiro relacionamento que aparece porque simplesmente não conseguem ficar sozinhas. Ou acham que solitude (favor não confundir com solidão) é sinônimo de fracasso.
Não acredito em fórmula para a felicidade, nem acho que tempo seja de fato sinônimo de estabilidade, mas algumas pessoas pecam pelo excesso de tentativas. Conflituosas com elas mesmas, travam uma busca incessante por um colo macio para repousar. Não pensam em si, no que as fazem felizes, e possuem uma carência desesperada de olhar ao redor com quatro lentes, sejam elas de quem for. Mudam conforme o parceiro e quando ficam sozinhas, se procuram e não se acham, adentrando num redemoinho sentimental de precisar ter alguém ao lado para possuir chão.
Eu acredito no amor e acho que ele pode aparecer a qualquer momento, para qualquer pessoa. Que a vontade de expor pode vir junto, que a necessidade de gritar aos quatro cantos é natural e que não há razão que segure um caloroso coração. Só não acredito no excesso e no sentimentalismo barato. Se uma mulher se apaixona desesperadamente por um cara por mês, e deposita ali todas as suas expectativas de uma relação a dois, desculpa, mas ela não te ama. Ela só não tem amor-próprio!
P.S.: Não lembro exatamente quando escrevi esse texto, mas adorei encontrá-lo em meus arquivos…