Adoro viajar. Nem precisa ser minha amiga íntima pra perceber isso, né? Viajar é ver o mundo todo com os próprios olhos, e essa sensação definitivamente não tem preço. Entre ter uma mega fortuna construída a duras penas de viver no mesmo lugar o tempo todo, opto por conhecer o mundo e acumular uma imensa fortuna dentro de mim: novos costumes, grandiosos lugares e inúmeras pessoas. Adoro gente. Adoro escutar suas histórias, seus dramas e suas alegrias.
Em uma viagem recente, acabei fazendo inúmeras conexões por aeroportos do Nordeste. Nessas, sentei ao lado de uma jovem de cabelos castanhos, na altura dos ombros, que alternava entre observar o céu branquinho e um livro de poesias. Porém, estava aparentemente um pouco aérea. Não mais que eu, diga-se de passagem, já que tinha esquecido o livro dentro da mala e lido a revistinha gratuita do avião de todos os ângulos possíveis. “Oi, você está indo pra onde?”
Em dez minutos de prosa eu já sabia toda a sua vida: reside em Manaus desde que nasceu, mas estava voltando de umas férias na casa do namorado em Salvador. Suas primeiras férias na Bahia, com direito a conviver com a família dele pela primeira vez, desbravar a terra do axé pela primeira vez e, claro, experimentar o famoso acarajé. “Não gostei, mas fiquei boba como aquelas moças estão em todas as esquinas e em todas elas quase sempre filas enormes”, contou, sorrindo.
O Brasil é imenso e a diversidade cultural idem, mas uma coisa não se pode negar: o brasileiro é comunicativo. Se expressa com facilidade quando questionado, quando envolvido em um papo bacana. Nos dez minutos seguintes nós já estávamos trocando confidências sobre perspectivas profissionais, concursos públicos e relacionamentos à distância. “Se tiver que dar certo mesmo vai rolar um choque cultural, afinal estamos vivendo apenas de bons momentos, mas eu nem ando pensando nisso. Estou concluindo uma pós e vivendo”, deu de ombros a jovem de 26 anos.
Não sei seu nome, e confesso que não perguntei pra não ter a obrigação de procura-la nas redes sociais. Soube, desde sempre, que escreveria esse texto aqui, e não queria ficar inibida. Conhecer a história alheia nos dá, muitas vezes, uma forcinha para seguir a nossa. Compartilhar erros e acertos nos faz sentir humanos, gente. No fundo, todos nós passamos pelas mesmas coisas, e o que nos difere uns dos outros é a forma como encaramos isso tudo. Nossa reação para cada ação do outro e da vida. E aqui pra nós? Conhecer gente que pensa maior que o mundinho das aparências e das regras da vida nos ajuda a ampliar a alma! E, claro, o sorriso!
* Repost do meu acervo de crônicas.