Se alguém me perguntasse hoje do que mais sinto nostalgia, aquela tristeza causada pela saudade, minha resposta seria uma só: da ingenuidade de ser menina. Daquela fase em que se fantasia o amor, fantasia a rotina diária ao lado de quem amamos, daquela mania absurda que a gente tem, quase sempre quando adolescentes, de acreditar que só sentimento basta para ser feliz. Tolinha que fui. Um sentimento verdadeiro é de fato a grande dose, mas não o único ingrediente.
Sinto uma saudade absurda de acreditar em tudo o que leio, em tudo o que escuto, em tudo o que vejo. O tempo e as experiências tiram aquela vendazinha cor de rosa da vida, e os nossos olhos começam a sentir a necessidade de estar em sintonia com a razão, nossos sentidos começam a sentir a necessidade de coerência. E é aí que mora o perigo: quando a gente começa a pensar duas vezes antes de se atirar aos arroubos de um outro amor.
Nostalgia dos sonhos. Das nuvens em forma de coração, das flores sem datas específicas, dos emails trocados diariamente e que finalizavam sempre com um “O amor da vida da gente é um só, e o meu é você!”. Mas e aí, quando ele acaba? Ah, que saudade que eu sinto da época em que acreditei, com todas as forças que uma menina-mulher poderia acreditar, que Amor quando escrito com letra maiúscula, nem o tempo seria capaz de apagar.
Não quero viver de lembranças, não quero viver do que não foi. Não quero me fechar também numa conchinha e achar que ela seja incapaz de produzir novas pérolas. Mas aquela inocenciazinha, aquela fantasia de amor incondicional, de alguma forma a gente só sente uma vez. E depois, claro, morre de saudades. É que a vida, meu amor, a vida é realidade. Avante!