Você tem medo de ser feliz?

Nunca se falou tanto em ser feliz como ultimamente. Não li pesquisa sobre o tema, não assisti a especialista em sentimentos, nem psicólogo ou terapeuta. Tenho, aqui, os meus achismos sobre a pauta, observações sobre a minha própria caminhada, e olhares diversos sobre os outros, ao meu redor.

Parto do pressuposto que a pandemia da COVID-19 pegou a gente totalmente de surpresa, e assim que a questão da sobrevivência passou, com o avanço da vacina e a queda drástica do número de óbitos, a corrida pela vida e pelo viver bem se instalou na mente de todos, o que, claro, acarretou em alguns pesos necessários, e outros desnecessários também.

É como se a gente percebesse, na marra, que não há tempo para viver em vão. Para além dos casais que se formaram ou se desfizeram durante os tempos difíceis da doença, a pauta aqui vai um pouquinho mais: “Estou de fato gastando meu tempo com o que amo? Com quem me faz feliz? Estou vivendo ou apenas existindo?”

Essas indagações, também necessárias, quando formatadas erroneamente, no calor da emoção e no acelerar dos passos, são portas escancaradas para a ansiedade e depressão. Pelo futuro incerto, de olho no hoje e na incerteza do amanhã, produz seres ansiosos aos montes. Quando de cara com o passado, e num arrependimento voraz do vivido até aqui, a deprê chega chegando. Dias difíceis para muita gente. Para esta que vos escreve também, inclusive!

Há um certo conforto no conhecido. Na mesmice dos sentimentos todos. “Tá tão quentinho aqui, confortável, que ainda que eu reconheça que não me faz mais feliz, não me vejo levantando e mudando”, diz a nossa mente, comandando a porra toda com o nosso consentimento e anuência, sorrateiramente e imperceptível tantas vezes…

Viver pede coragem, todos os dias! Força de vontade e consciência! Clareza do caminho e dos propósitos! No auge da preguiça e da desmotivação, por vezes, a gente se esquece disso e deixa como está. Até doer o dobro… ou mais…