Há alguns anos, e me permitam não saber exatamente quantos, recebi via WhatsApp a música Preocupa Não, que dizia assim “Sem máscara, sem vergonha / De boa sem cerimônia / Desbocada e atrevida / Essa mulher sem maquiagem / Linda falando bobagem / É o amor da minha vida”. Forte, pensei. “Gostou?” Mudei o foco: “ahhhh, amooooo Jorge e Matheus…
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João amava Maria, que amava Pedro, que achava Joana lindíssima, que queria este rapaz, que teria me mandado algumas músicas e mensagens neste sentido, que não queria ninguém no momento e que teria ponderado o fato de alguém próxima estar interessada nele. (E fica a critério de vocês acreditar que se trata de uma história verídica ou de mais uma obra de ficção).
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A verdade é que esses ciclos são infindáveis. Eu olho ao redor e enxergo tanta gente que poderia estar junto e não está, ou tanto relacionamento falido que não se acaba por motivos que não vem ao caso aqui, agora. Estando acompanhado ou não, a carência afetiva é algo que vem crescendo assombrosamente, um dos grandes motivos pelos quais as clínicas psicológicas estão lotadas. Fora a quantidade de gente que não assume isso nem para si mesmo, quanto mais para os outros.
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Eu acredito em felicidade a dois. A três, a quatro, a cinco e até a dez, quando se cria (e recria) uma família. Nenhum relacionamento vive somente de flores, e é na diferença das sementes que está o aprendizado da convivência. A gente amadurece quanto pessoa quando aprende a respeitar os melindres do outro, bem como, infelizmente, se afoga na dor quando não se respeita em função de agradá-lo. Fórmula não há, mas ninguém disse que tentar, acertar, tentar novamente, errar, seria o caos. Muito pelo contrário. Na vida, só não vale a pena aquilo que deixamos de fazer. Todo o resto é experiência.