A vida não permite ensaio, li por aí. E não permite mesmo! Não dá para adiar sonhos, planos, amores. Colocar no cantinho da sala ou do quarto e sussurrar “pera aí, te pego de volta já”. Uma hora ele pula no seu colo, como quem não quer nada, e diz: “Onde foi que você me esqueceu?”
A verdade é que nada permite ensaio. Toda vez que a gente adia algo, finge não ver, o universo dá um jeitinho de nos colocar de frente de alguma forma. Algumas como aprendizado, outras como ansiedade, outras como insônia e até em formato de enfermidade, nos proporcionando a certeza de que do próprio destino ninguém corre. A insatisfação aparece no cantinho do sorriso sem graça, ou no olhar desviado quando alguém vai lá e toca na ferida perguntando sobre.
Eu adoro falar da vida. Escutar também. Mas ultimamente tenho escutado mais que falado, e confesso que já não sei dizer em que momento tomei esta decisão, ou se foi acontecendo devagarinho. Nos tombos do percurso, ou na fluidez de, antigamente, conversar muito e realizar menos do que gostaria. Confesso também que torcia por um mundo menos complicado, mas se é assim que a banda toca, a única opção que nos resta é, parafraseando os cariocas, seguir o baile.
Sinto saudades de acreditar em Papai Noel. E de toda a inocência que isso representa, claro! A maturidade é massa, essencial e libertadora em diversos aspectos, mas vai nos tornando céticos demais também. Há dias em que seguro a maturidade pelas mãos e danço. Em outros, morro de raiva da sua companhia…