Recentemente me mandaram um texto que dizia mais ou menos assim: “Quem planta tâmaras, não colhe tâmaras”, porque as tamareiras levavam de 80 a 100 anos para produzir os primeiros frutos. No texto, um senhor teria sido visto plantando tâmaras, e quando questionado sobre o plantio, já que provavelmente não estaria vivo para colhê-las, respondeu que se todos pensassem assim ninguém jamais colheria e experimentaria as mesmas.
Eu devo ter passado uns dias pensando em sua paciência, mas sobretudo na dedicação com o outro. Ainda que os ensinamentos que nos são ofertados diariamente, desde os primeiros momentos de vida, seja de que a compaixão e o coletivo precisam ser maiores que qualquer gesto individual, vai se tornando cada vez mais difícil pensar (e agir) assim nos dias atuais. Ler os discursos de ódio e conviver com a mediocridade alheia leva embora a nossa cota pessoal de paciência e tolerância. Economia “de adubos” é o sentimento de ordem, ou vou acabar sem!
Penso que “quem planta tâmaras colhe tâmaras” sim. Aquilo que você despeja, aquilo que você grita, aquilo que você deseja ao outro retorna na velocidade da luz, e sendo um pouquinho mais moderna, via wi-fi. Toma lá, dá cá. Simples e seco. Puro e na lata, para doer mesmo. Sigo (e seguirei) pautada no bem, e peço a Deus que coloque nos meus caminhos apenas o que for me fazer feliz. Planto minhas tâmaras diariamente, e quanto percebo que plantei limão e causei uma espécie de indigestão a alguém, volto atrás, peço desculpas. Faço o que estiver ao meu alcance. O que eu não posso, de verdade, é ferir o meu EU para agradar. Planto tâmaras, mas isso não quer dizer que o suficiente para alimentar dois ou três.